O peito frio que carregava 90% de rocha magmática —
solidificada, impenetrável — pesava cada vez mais em minha existência, a fumaça
que eles haviam causado em seu momento foi asfixiante e tóxica, e agora havia
somente a lembrança em cada rachadura.
Mas havia uma parte que continuava latente, viva e se movia
ferozmente. O magma lutando para não ser apagado por qualquer um.
Com a mão sobre o peito, levava o que restava de um coração
latente.
Um coração machucado, despedaçado que agora está quase todo
coberto por essa massa deforme e dura, quase impenetrável que apaga qualquer
rastro daquilo que havia antes.
Debaixo daquela luz tênue do restaurante, entre risadas e
troca de olhares, senti que o pedaço que restava se agitava e entendi que era o
momento de estender o que restava para você, dar mais uma oportunidade para o
amor.
Sentindo o peso daquela massa negra sobre minhas mãos com
um interior pulsante, entreguei a parte de mim em que a esperança ainda vivia, na
qual o fogo do amor ainda resistia com sua última força.
Estou entregando ele para você, um coração quebrado,
rachado, que se esfarela aos poucos. Só peço que não apague o que ainda resta
de mim, que o cuide com cuidado para que esse calor possa expandir-se e fazer
com que da dor renasça algo lindo. Porque a rocha magmática é fértil, mas só
depois que queima e machuca, e talvez você possa reviver a lava que cobrirá
novamente todo o meu coração tirando as impurezas e o deixando vivo.
Então eu só peço, não faça o mesmo que os outros tornando o
nosso amor em uma fumaça tóxica que deixa destruição e rachaduras por onde
passa, seja você o que sabe cultivar para que uma nova vida juntos renasça a
partir das cinzas.