Imagem por jill111, sob licença Creative Commons. |
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De braços abertos ao vento, encarei a escuridão que havia dentro de mim, a mesma que insisti em evitar por tanto tempo. Os sorrisos, que carregava em meu rosto, só pareciam aumentar aquele sentimento pútrido em um ato desesperado para fazer com que a dor fosse embora.
De braços abertos ao vento, encarei a escuridão que havia dentro de mim, a mesma que insisti em evitar por tanto tempo. Os sorrisos, que carregava em meu rosto, só pareciam aumentar aquele sentimento pútrido em um ato desesperado para fazer com que a dor fosse embora.
Eu seguia remando em direção à escuridão.
Remava como se estivesse presa em um mar infinito que, talvez algum dia, me
levaria até a luz. Sonhava por encontra-la nos fios que teceram à minha frente,
queria ser cegada por seu brilho e sentir seu calor aquecer a minha gélida face
por, pelo menos, uma última vez.
Eu remava, buscando algo que poderia nem sequer
existir em meu interior. O vento vazio me envolvia, me segurando e levando para
outra direção. As risadas ecoadas ao fundo eram um lembrete daquilo que uma vez
eu fui.
As águas estavam densas e remar ficava cada vez
mais difícil. Meus braços doíam e as pernas fraquejavam me suplicando para
parar, mas eu não podia. Havia entrado ali por um propósito e não queria sair
sem antes encontrar a luz escondida atrás de todo aquele breu.
Eu me recusava a aceitar, não poderia deixar e
tampouco permitir que eu desistisse de todo meu esforço. Remei... remei até
minhas mãos se encherem de bolhas e calos, de feridas que choravam minhas
lágrimas.
De braços abertos, vi a luz em meio a
escuridão. Ainda não era capaz de alcança-la, mas sabia que ela estaria ali,
esperando por mim quando o dia certo chegasse.