Tratado de paz

30.7.24

 

Imagem por BiancaVanDijk sob licença Creative Commons

Você não quis lutar pelo nosso amor e está tudo bem.

Porque não há soldado cansado que chegue bem no final da guerra, e você não sobreviveria nessa guerra que é o amor.

Jamais abdicaria seu estilo de vida por outro, para viver em conjunto. A solidão era mais fácil de lidar, sem ruídos, nem sequer um murmuro, já que eu sentia que a minha presença incomodava mais do que te enchia de vida.

Já sei que meus bombardeios de carinho não foram o suficiente, assim como seus braços protetores nunca poderiam proteger-me de mim mesma.

E quando eu mais precisava, você me soltou, quase como uma bomba atômica. Mas, no final, era isso o que eu queria e nunca teria sido capaz de fazê-lo.

Cada incômodo seu se convertia em navalhas de tortura e eu só pude me afastar para te dar espaço, recuei tentando não converter a situação em um martírio, mas eu já não pertencia ao seu mundo. E meu corpo decaía, sem forças, imaginando onde essa dança nos levaria.

Você nunca entendeu o meu pedido de socorro e como eu poderia pensar que o faria? Já que tudo estava escondido nas entrelinhas que você nunca interpretaria.

No final, toda a nossa luta não nos levou a nenhum lugar... terminou antes de que eu pudesse dar um último suspiro, porque você decidiu por nós.

Você decidiu abandonar-nos.

E eu entendo, cada um deve escolher as batalhas que pode lutar e ambos já estávamos lutando por motivos diferentes, chegando a lugar nenhum.

Eu te deixei ir e você me deixou ir, sem mais nem menos, tudo voltou ao que era antes. Cada um no seu canto, um pouco mais vazio, no silêncio.


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