Imagem sob licença Creative Commons por MiraCosic |
A água escorrendo pelo corpo, levando mais um dia de calor e
de trabalho da pele. O dia-a-dia, a rotina que tanto se fazia monótona em
tempos estranhos.
A água que lavava a alma e o frio dos olhares que não
entendiam bem as nuances coloridas da vida, da arte e da criatividade.
O mesmo pé que pisava a terra em contato com a Mãe Natureza
era obrigado a pisar o asfalto cinza e sem cor. A sentir os calos e dores de um
sapato apertado para encaixar-se em uma sociedade sistêmica e produtora de
alienados.
O meio sorriso entre a multidão, procurando ser entendida,
escutada, vivida. Mas a sociedade havia fabricado homens e mulheres à medida.
Até que no fundo, existe uma voz, um impulso em mudar e, caminhando na direção contrária, as vozes penosas se transformam em música. As palavras escritas no papel se convertem em história, os olhos em romances e linhas em arte.
Estava sempre tudo ali, só bastava encarar com outros olhos
para a vida encher de cor. Uma palavra que conecta a outra, um filme, uma
imagem, uma dança. Cada arte marcando um momento e contando parte da história
da humanidade à sua maneira.
O chuveiro é desligado já com a alma renovada. Mais um dia a
ser vivido nesse mundo, mas sem nunca esquecer que a criatividade é a arma mais
poderosa contra uma vida fria e sem graça, conectando pessoas, realidades e
vivências, para juntos sobreviver nesse caos.
Os olhos brilham e ali ela se senta para terminar o dia
escrevendo mais um texto engavetado com a esperança de um dia ser escutada.