Eu
me lembro.
Lembro
do frio na barriga ao subir naquele elevador com você, era a primeira vez que
eu iria até a sua casa e não sabia no que aquilo poderia terminar.
Treze,
foi o dia do nosso primeiro encontro e agora era o número do seu andar, não
sabia se era sorte ou mal presságio, mas esse número sempre foi cheio de
misticismo e agora não parava de aparecer em nossas vidas.
Encarei
aquela porta de madeira com um pequeno coração entalhado e o número 113 na
porta, ali estava aquele número novamente com alguns decimais a mais somado. Ao
passar pela porta não pude conter um sorriso ao ver aquela vista, a cidade
inteira sob os nossos pés.
A
sensação de liberdade correu pelas minhas veias ao ver todos aqueles carros, a
avenida, pessoas indo de um lado para o outro.
Foi
nesse instante em que a nossa história começou, quando nós entrelaçamos nossas
vidas olhando para treze andares abaixo de nós.
Cada
beijo, cada abraço, as risadas, seu aniversário, o vizinho reclamando quando
fazíamos barulho, almoços e jantares.
Ah,
se as paredes do décimo terceiro andar falassem, elas contariam parte da nossa
história, o início de tudo.
Como
naquele dia em que eu quase quis arrebentar aquela porta, porque você dormiu e
eu estava trancada para fora.
Agora
aqui estava eu, parada diante da mesma porta que abri tantas vezes para te
encontrar, mas dessa vez era diferente. Você tinha todas as cópias das chaves
no seu bolso, pronto para entregar aos proprietário. O apartamento, cheio
daquilo que lembrava a você, estava vazio e o me coração apertou ao lembrar que
já não pisaríamos mais ali.
Passamos
pela porta e sentimos aquele cheiro de tinta, a mesma que havíamos usado para
pintar as paredes dois dias antes da entrega.
Você
agarrou a minha mão e dançamos por toda aquela sala vazia enquanto o sol
começava a despedir-se de nós.
E
esse foi o último anoitecer que presenciamos com essa vista. A mesma vista que
eu sempre amei e não cansava de repetir para você.
A
vista que nos acompanhou em todos aqueles momentos tão importantes que nos
levaram ao lugar em que nos encontramos hoje.
A
primeira conversa.
O
primeiro almoço.
As
conversar que compartilhamos naquele sofá branco.
As
lágrimas que você limpou do meu rosto com tanto carinho.
Como
esquecer daquela noite em que empacotávamos tudo e ao mesmo tempo explorávamos
mundos entre suas bugigangas? A conversa que tivemos como dois amigos
apaixonados sentamos de pernas cruzadas no chão.
Sempre
soube que algo do destino havia estado presente entre nós e, nessa última
noite, ele nos proporcionou um céu mais azul com tons e rosa, representando eu
e você e as novas vistas que estávamos por ver juntos.
0 comments