Foto por coyot, sob licença Creative Commons. |
Silêncio em meio à escuridão.
Eu não fazia a menor ideia
de onde estava e me recusava a abrir os olhos, nada parecia normal naquela imensidão
incógnita que eu sentia por dentro.
Era o medo. O medo do
nada, o medo do silêncio, da falta de vida.
Tateei pelo chão, buscando
por algo que nem fazia ideia do que era, aquilo que saciaria a sede do
desconhecido.
Um corpo vazio ansiando
por vida.
Depois de tanto insistir
naquilo que não podia ver, decidi abrir os olhos, um de cada vez. Uma luz forte
e radiante entrou em contato com a minha córnea e finalmente a realidade se
mostrava à minha frente.
O mundo que eu havia
criado em minha mente não existia.
O chão, as paredes, o
teto... Tudo era uma imensidão de nada, um quarto branco e vazio, sem começo ou
fim. Um papel branco gigante que me cercava com sua vastidão imponente, quase à
beira da loucura.
Caminhei no meio do nada,
sentindo o vazio que precisava ser preenchido. Minhas mãos formigavam em uma
sensação estranha enquanto meus bolsos ficavam cada vez mais pesados. Escondi
as palmas das mãos no tecido ameno e, entre aquele emaranhado de fios,
encontrei uma caneta abandonada.
Encarei sua ponta preta, a
tinta tangível e penetrante. O branco à minha volta implorava por algo que
pudesse destacar-se em sua constante monotonia. Meu cérebro estava a ponto de
explodir, havia algo dentro de mim que queria sair e criar coisas que só
pareciam existir para mim.
E com a caneta na mão,
rabisquei por céus e infernos, pintei paredes e montanhas. Vi o mundo tomar cor
ao meu redor enquanto a escuridão se afastava gradativamente até sumir em um
simples borrão qualquer.
Preenchi as paredes de
vida, com cada pedaço da minha alma, onde as paredes haviam se transformado na
minha maior obra prima.
As palavras, as imagens,
os rabiscos descartados.
Tudo aquilo era parte de
mim, parte do meu mundo. Mas ainda existia um impulso no meu corpo, algo que
fazia com que eu quisesse seguir, as paredes daquele lugar já não eram o
suficiente para a infinidade de pensamentos que habitavam o meu ser.
Desenhei uma porta que me
levaria para lugares que eu nem sequer poderia imaginar, mas sabia que minha
história estava apenas iniciando e não precisaria de mais nada para escrevê-la do
que uma simples caneta na mão.
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