Imagem por Goumbik, sob licença Creative Commons. |
—
Não acredito que você foi capaz de fazer isso comigo! — vociferei correndo pelo
apartamento como uma louca, o sangue fervia no rosto, estava a ponto de
estrangular qualquer um que ousasse aparecer na minha frente. — Como você pôde,
Fernandinha?! — gritei mais uma vez não escutando nenhuma reação da dita cuja.
Corri
tão rápido a buscando que os meus cabelos voavam com aquele tufo de vento que
eu havia criado. Ela era uma traíra, essa era a verdade; e eu a pegaria com a
boca na botija!
—
Ficou louca, Susana? Eu estou aqui plena, não fiz nada. — Apontou para si mesma
mostrando o quão relaxada estava naquele sofá, sua máscara de hidratação verde
a deixava mais suspeita.
—
Mentirosa! — Agarrei em seu braço e a puxei com força. As coisas não vão ficar
assim não. — Foi você, não foi? Eu sabia que não podia confiar em você, eu
avisei, Fernandinha, eu avisei.
Cruzei
os braços ao olhar para a sua expressão de mosca morta. Ela era a única pessoa
que tinha acesso, esteve aqui o dia inteiro, só pode ter sido ela e é claro que
eu, como uma boa detetive mirim, descobriria a verdade.
—
Já falei que você ficou maluca, eu nem sei do que você está falando.
—
Você sabe muito bem, sua duas caras! — Apoiei os braços na cintura e estufei o
peito para impor respeito.
—
Susana, é aquela época, não é? — Assenti com a cabeça, é claro que ela já
sabia, impossível de não saber.
—
Onde está? Não esconda de mim, Fernandinha. Eu estava guardando especialmente
para hoje e você roubou!
—
O que era? Uma calcinha especial, um sabonete anti-acne ou uma lata de leite
condensado? Eu não sei! Não peguei nada que não fosse meu. — Ela teve a coragem
de me olhar nos olhos ao dizer tudo isso. Já nem sei mais com quem eu moro, que
decepção, Fernandinha.
—
Então você achou que era seu? Bom saber que eu compro as coisas e é você quem
se apodera delas.
Agarrei
uma das almofadas e joguei em seu rosto, no minuto seguinte, nós já estávamos em
uma guerra de travesseiros e puxões de cabelo. Vi a Marilyn Monroe versão pelúcia
voar na minha direção e esquivei jogando o meu Elvis Presley cabeçudo nela. Pulei
em cima da poltrona e dei um grito que o próprio Tarzan se orgulharia. Eu não
deixaria barato. Saltei para o chão e agarrei seu cabelo, Fernandinha puxou o
meu braço, mas não conseguiu me deter. Ela teria que dizer a verdade, querendo
ou não.
Passei
a mão pelo seu rosto, tirando metade daquela máscara nojenta que ela colocava
para hidratação, como resposta, ela pegou a tigela em que havia preparado a
mistura e jogou no meu cabelo. O frio dos pepinos triturados escorreu pela
minha testa e aquela gosma verde impregnou a minha vista, depois dessa o meu
cabelo nunca mais seria o mesmo.
—
FERNANDINHA. Eu não acredito nisso, sua traíra! — Cerrei minhas mãos em punho e
saltei em cima dela, nós duas nos engalfinhávamos no chão da sala, depois
dessa, o carpete também não seria mais o mesmo.
O
cheiro de pepino azedo nos perseguiria por meses.
—
Nossa, eu saio para comprar umas coisas e vocês começam uma luta na lama, sem a
parte legal que é lama? — João estava parado na porta do apartamento, segurando
uma sacola cheia daquilo que me pertencia.
Encarei
a Fernandinha desacreditada, sua boca havia despencado e o meu rosto enrubesceu,
havia sido ele esse tempo todo.
—
Coragem, né? Tem gente que tem coragem. — Ela negou com a cabeça e eu grunhi na
direção dele.
Ninguém,
mas ninguém mesmo, rouba o meu chocolate em época de TPM.
Dessa vez o texto não faz parte da blogagem coletiva e sim de um dos desafios maravilhosos da Ane! O desafio era criar algo em base nessa imagem aqui (juro que tentei fazer o meu melhor hehehe):
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